I – O início.
Lá estava eu, deitada da minha cama em posição fetal, chorando fazia mais de três horas, claro, depois de tomar uma surra com o cinto de Marcus, a única coisa que eu pensei foi em deitar e chorar, não só de dor, mas de
raiva. Sim, eu tenho muita raiva do Marcus mas por que? Simples, ele é um covarde, nem parece que ele é o líder da Abnegação. Ah claro,na
frente dos outros ele é o certinho “sério” ou seja, é só aparência. Mas amanhã eu vou saber o resultado do meu teste de
aptidão, e independente do resultado, eu vou
embora para a Audácia e ficar mais perto do meu irmão Tobby, e nunca mais olhar na cara do Marcus.
Depois de ficar
um bom tempo chorando, resolvi tentar levantar da
cama, tomar um banho e cuidar dos machucados que
tenho em minhas costas. Levantei-me, indo para o banheiro e
tropeçando nas cobertas, enquanto me despia, eu
já conseguia ver algumas marcas roxas, azuis, amarelas da surra de ontem à
noite. Entrei debaixo do chuveiro e fiquei ali, sentindo arrepios quando a água morna que corria do
chuveiro tocava nas feridas abertas da surra de hoje.
Não pude ficar
muito tempo no chuveiro, pois eu ainda moro na Abnegação. Sai do banheiro de
roupas intimas para poder passar uma pomada nos machucados, que foi
desenvolvida na Erudição, ela não fazia milagres, mas
era melhor do que ficar com muitas feridas abertas e ardendo. Depois de passar
a pomada, coloquei meu pijama, que a propósito
ele é “horroroso de feio” mais em compensação é muito confortável, me
encaminhei para a minha cama deitei-me, fiquei
pensando como tudo vai mudar na minha vida independente do resultado do teste.
Depois de um tempo pensando, eu já podia sentir
o sono chegando com cansaço, um tempinho depois eu estava fechando os olhos.
(...)
Acordei cedo
para fazer o café de Marcus, desci as escadas
devagar, porque todo o meu corpo doía e a cada
degrau que descia eu fazia uma careta. Cheguei na cozinha e já comecei a
preparar o café, depois de pronto, coloquei na mesa e fui arrumar a casa para o dia.
Marcus me mandava acordar cedo para fazer o café e limpar a casa. Enquanto eu
terminava de varrer a cozinha, pude ver de canto de olho Marcus chegar.
—Bom dia! – ele
falou com a uma voz fria.
—Bom dia! – nem
me dei o trabalho de olhar na cara dele.
—Hoje é o dia do
seu teste aptidão?
—É. – eu disse, fria como uma pedra.
—E seja qual for
o resultado do teste amanhã, lá na cerimônia você vai escolher permanecer na
Abnegação. – ele falou, me olhando com raiva nos
olhos e com o tom de voz ameaçador.
—Marcus, você sabe que eu vou embora. – eu falei olhando para
ele, desafiando-o.
Assim que eu
terminei aquelas palavras, ele levantou da
cadeira e pegou os meus cabelos e puxou para mais perto dele, me forçando ir junto.
—Olha aqui, sua fedelha. – puxou mais ainda os meus cabelos e
levantou meu rosto para olhar ele. — Sabe por que você apanha toda hora? É por que você me desafia e falta com respeito
comigo, seu pai. – ele terminou, me olhando com
um olhar de pura fúria.
—Meu pai. –
falei, rindo olhando para ele. —Que me bate, me
espanca todos os dias e ainda quer meu respeito. – cuspi as palavras com
lágrimas no rosto, deixando minha visão
embaçada, mas deu para ver quando Marcus me deu
um tapa.
—Vai se aprontar
para a escola e trate de dar um jeito nisso. – ele falou, apontando o dedo para o meu rosto,
onde deveria ter a marca dos 5 dedos dele. —Ou inventa uma desculpa. – ele sai
porta a fora.
Eu cai no chão, aos prantos com as mãos no rosto e descabelada. Chorei, chorei, chorei(...). Parei de chorar e fui
para o meu quarto lavar o meu rosto e me arrumar para a escola. Chegando em frente à escola, eu
já podia ver o trem se aproximando e apitando,
eu fiquei olhando os adolescentes da Audácia pulando para fora do trem,
felizes,rindo, falando alto, depois eu fui andando para a aula de História das
Facções.
(...)
Os testes
tiveram início logo de depois do almoço, eu fui
andando para o refeitório, todos estão sentados
em mesas amplas conversando em grupos. Com exceção dos integrantes da Audácia, que alguns estão sentados outros em pé ou até mesmo
sentados sobre as mesas. Eles estão rindo,
gritando, jogando cartas, falando alto. Do outro
lado, um grupo de meninas e meninos da Amizade
com roupas em um tom de vermelho e amarelo estão
sentados no chão em círculo cantando, batendo palmas e rindo não muito alto. Em
uma mesa a minha frente,
estão os adolescentes da Erudição debatendo como adultos sobre as noticias dos
jornais. Já os da Franqueza ao lado deles conversavam com gestos enfáticos com
as mãos. Para eles, o assunto estava ótimo, mais
eu não ouvia quase nada.
Na mesa
da Abnegação, um silencio absoluto enquanto
esperamos. As facções tem seus costumes, e ditam como devemos nos vestir, falar
e até mesmo como nos comportar nos momentos.
—Hope Eaton.

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